Paulo Ferrero
2004-02-03 16:24:00 UTC
Aquele sussurro de Murray a Scarlett(que cada qual entenderá a seu bel
prazer), no final de "Lost in Translation", é o momento mais mágico
que nos foi dado ver pelo recente cinema norte-americano. Ponto de
encontro para duas almas penadas, perdidas mais nelas próprias do que
propriamente em relação aos outros, ou no sentido físico e temporal do
termo.
É um momento de puro optimismo, portanto. Mas tempo e espaço, são eles
próprios áreas de perdição, muro entre civilizações: a língua, o
alfabeto, o "jet lag", etc.
Apesar de mais hermético e menos romântico (gostos são gostos) que
"Virgin Suicides", este segundo filme de Sofia Coppola é mais um passo
na consolidação da sua carreira como cineasta de invulgar estirpe ...
nos antípodas, diga-se, da sua situação enquanto actriz (ex: último
episódio da saga dos Corleone). Tem um argumento que, só por si, é um
filme. E tem momentos de assombro como sejam os solilóquios e os
diálogos em crise existencial, no bar do hotel; ou a maneira como
filma a própria perdição do Japão, ora oscilando entre o
conservadorismo de "ikebana" e a alienação obsessiva pelas máquinas de
diversão.
Mas "Lost in Translation" também é feito de dois grandes actores: Bill
Murray e Scarlett Johansson. Os melhores momentos? Murray em
"karaoke", de "More than This", e Scarlett e Murray falando sobre os
filhos. O mínimo que se pode dizer é que ambos merecem o Óscar. Mas
também a fotografia de claros-escuros. E o inferno de Tóquio e a
quietude de Quioto. Mais os néons infernais. E o ritmo estridente das
novas gerações de japoneses.
Paulo Ferrero
http://novoodeon.tripod.com
http://novoodeon.tripod.com/blogue
prazer), no final de "Lost in Translation", é o momento mais mágico
que nos foi dado ver pelo recente cinema norte-americano. Ponto de
encontro para duas almas penadas, perdidas mais nelas próprias do que
propriamente em relação aos outros, ou no sentido físico e temporal do
termo.
É um momento de puro optimismo, portanto. Mas tempo e espaço, são eles
próprios áreas de perdição, muro entre civilizações: a língua, o
alfabeto, o "jet lag", etc.
Apesar de mais hermético e menos romântico (gostos são gostos) que
"Virgin Suicides", este segundo filme de Sofia Coppola é mais um passo
na consolidação da sua carreira como cineasta de invulgar estirpe ...
nos antípodas, diga-se, da sua situação enquanto actriz (ex: último
episódio da saga dos Corleone). Tem um argumento que, só por si, é um
filme. E tem momentos de assombro como sejam os solilóquios e os
diálogos em crise existencial, no bar do hotel; ou a maneira como
filma a própria perdição do Japão, ora oscilando entre o
conservadorismo de "ikebana" e a alienação obsessiva pelas máquinas de
diversão.
Mas "Lost in Translation" também é feito de dois grandes actores: Bill
Murray e Scarlett Johansson. Os melhores momentos? Murray em
"karaoke", de "More than This", e Scarlett e Murray falando sobre os
filhos. O mínimo que se pode dizer é que ambos merecem o Óscar. Mas
também a fotografia de claros-escuros. E o inferno de Tóquio e a
quietude de Quioto. Mais os néons infernais. E o ritmo estridente das
novas gerações de japoneses.
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