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Digam-me se isto merece ser um filme...
(too old to reply)
Joao M. S. Silva
2004-04-24 01:44:33 UTC
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Atenção: esta crítica contém anti-spoilers.

O The Brown Bunny é assim:

- Começa com uma filmagem amadora de uma corrida de motas que nos
ensurdece (vale a pena perder o nosso tempo e acuidade auditiva por
ela?) e em que o narcisista pretensamente participa.

- Ele acaba a corrida, arruma a mota na carrinha e vai comprar algo a
uma loja das redondezas. Com um simples pedido, please, consegue
convencer a empregada da loja (how old is she?) a abandonar o serviço
e ir com ele para a Califórnia (tal é charme do tipo). Isto é o quê?
Surrealismo? Não, não é um filme surrealista. E até aqui o realizador
narcisista não mostra a mínima capacidade de realizar um home-movie.
Continuemos.

- A rapariga vai a casa arrumar as malas e ele abandona-a -- que
triste, que arrebatador (logo aqui se vê que é por causa de uma paixão
perdida que se tenta esquecer/compensar.)

- Repitam os dois pontos anteriores, mas troquem a rapariga por uma
trintona chorosa sentada numa mesa de um pequeno jardim. Ele assim que
lhe diz olá, beija-a. His charm strikes back! Novamente a abandona sem
nada dizer, que desgosto. (Sim, a realização continua a ser pueril.)

- Segue-se uma cena em que o narcisista (atenção, o realizador faz
close-ups demorados da face profundamente triste e bonita (bleargh!)
do protagonista, que é ele mesmo!) exibe a sua condução nos desertos
de sal do sul dos E.U.

- Ele chega à Califórnia e vai fazer o setup da sua mota (ela é
colocada num tapete e acelerada ao ponto de os actores terem que usar
protectores auriculares e em que nós temos que gramar com o som).

- Repitam o ponto -- que original! -- dos encontros com as mulheres,
mas troquem a rapariga e a trintona por prostitutas (muito mais
díficeis de engatar, pois é preciso dinheiro). Ele leva uma a almoçar
aos hamburguers, mas mais uma vez uma prostituta não consegue fazê-lo
esquecer a paixão perdida (como é que é possível?)

- Esqueci-me que entre cada uma destas cenas são inseridos 3 ou 4 min.
de viajem em que se filma _continuamente_ o pára-brisas da carrinha do
narcisista e se ouve uma música merdosa do ínicio ao fim. Enfim, são
vários vídeo-clips num só filme, à laia de bónus.

- Ele vai à própria casa, mas a mulher não está lá. Ele deixa um
recado para ela ir ter ao hotel (isto demora uns 10 min.)

- Ele vai para o hotel, muito triste, até que ela aparece. Vai
conversando com ele enquanto se vai escapando para o WC para se ir
drogando (sim, porque ela é assim como que meio toxicodependente e é
um drama real). A meio da conversa ela faz-lhe um broche explícito
(completamente lógica a inclusão desta cena neste ponto do filme.)

- No final do filme, e num discurso digno de génio narcisista, ele vai
delineando o que aconteceu à mulher. Acontece que numa festa ela
apanhou uma overdose e foi "violada" por dois homens. Ele apanhou-a no
acto, mas como pensava que ela estava a gostar (embora estando
inconsciente) deixou-a. Só que depois ela vomitou e sufocou com o
próprio vómito (que história triste, estou quase em lágrimas).

- E pronto, é o clímax: ela afinal estava morta e o bóbó ocorreu
apenas na imaginação do protagonista (quantos takes terá levado?)

Como podem ver o filme é profundo...

A fotografia é amadora. O argumento é rídiculo. A música é nauseante.
Os actores são inexistentes (tudo figurantes, certo?) A quantidade de
diálogos deve caber numa página A4, excepto a parte final, em que tudo
é explicado de uma forma genial ao espectador norte-americano de QI
superior.

Várias vezes senti vontade de sair da sala, de reclamar o meu
dinheiro, enfim... Se acham que eu estou a exagerar vão ver o filme
que ainda está em exibição no fabuloso cinema pseudo-intelectual King
(já lá vi bons filmes, não percebo como lá está este).
--
João M. S. Silva
UMV
2004-04-26 08:25:15 UTC
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Tu podes fazer essa pergunta a nois, mas o realizador tá-se cagando pró que
tu pensas, ele fez e prontes.

João César Malheiro era melhor, não?
João M. S. Silva
2004-04-26 12:43:10 UTC
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Post by UMV
Tu podes fazer essa pergunta a nois, mas o realizador tá-se cagando pró que
tu pensas, ele fez e prontes.
Mas porque é que eu haveria de querer saber do realizador?
Post by UMV
João César Malheiro era melhor, não?
Gostava de ver alguns filmes dele, por acaso.
--
João M. S. Silva
UMV
2004-04-26 15:46:21 UTC
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Post by João M. S. Silva
Mas porque é que eu haveria de querer saber do realizador?
1º porque o acusas de narcisismo
2º a partir desse momento, será preciso enumerar mais?

se já se falava do que falava sobre este filme, pra que raio tambem foste
ver para te juntares ao coro seguidista dos xéxés? devias era ter poupado o
dinheirito...
Post by João M. S. Silva
Post by UMV
João César Malheiro era melhor, não?
Gostava de ver alguns filmes dele, por acaso.
Gostavas? Ainda não viste?
Olha, "vê" a Branca de Neve que TU "pagaste".
mmmm'kay, little buddie?

Tenta ver uns pseudo-filmes do andy arvela, tb, já agora

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