Paulo Ferrero
2004-04-28 14:05:15 UTC
«The Brown Bunny» só poderá decepcionar quem elevou demasiado as suas
expectativas, quer por pertencer aos iluminados fiéis do ícone Vincent
Gallo, quer por achar que o seu anterior filme, «Buffallo' 66», é a
quintessência do cinema independente norte-americano e, portanto,
arauto de qualquer coisa de inultrapassável. Com uma postura mais
calma, conclui-se que este novo e polémico filme do
actor-realizador-manequim-etc. mais badalado do mundo da moda, é um
filme agradável e interessante, desde que perspectivado na devida
perspectiva ... exigir melhor a Gallo será arriscado.
Não se trata de outra coisa que não de um «road movie». Como tal, de
um filme independente, no sentido mais amplo do termo. Poucos diálogos
e ritmo pausado. Fotografia (belíssima, por sinal) propositadamente
fora dos cânones. Uma história simples, de um homem, dilacerado e
frágil, que procura aqui e ali a mulher que (se) perdeu. Música a
condizer. E aquelas estradas da América...
Tudo o mais é ilusão de óptica, pura e simples (nesse sentido é
esclarecedor o plano de Gallo, ao volante da sua moto - por sinal, com
o nº 77-, acelerando pela pista de sal).Tudo excepto a cena de sexo
oral, claro, onde Gallo se trasveste em colehinho castanho. E quem dá
o que tem a mais não é obrigado.
A propósito ainda da cena que pretende servir de atracção a uma
plateia mais universal, do que à partida Gallo alcançaria, é
confrangedor ver até que ponto alguma intelectualidade condescende,
quando não abraça, cenas de "hardcore" como poesia militante, enquanto
que as vilipendia quando nos chegam pelos mais dignos profissionais
dos mais ousados canais da tv cabo, por exemplo. Ainda relacionado com
isso, será curioso ver até que ponto a carreira da Sevigny (de longe
uma das maiores actrizes da nova vaga) terá ou não iniciado uma longa
travessia no deserto...
Paulo Ferrero
http://novoodeon.tripod.com
http://novoodeon.tripod.com/blogue
expectativas, quer por pertencer aos iluminados fiéis do ícone Vincent
Gallo, quer por achar que o seu anterior filme, «Buffallo' 66», é a
quintessência do cinema independente norte-americano e, portanto,
arauto de qualquer coisa de inultrapassável. Com uma postura mais
calma, conclui-se que este novo e polémico filme do
actor-realizador-manequim-etc. mais badalado do mundo da moda, é um
filme agradável e interessante, desde que perspectivado na devida
perspectiva ... exigir melhor a Gallo será arriscado.
Não se trata de outra coisa que não de um «road movie». Como tal, de
um filme independente, no sentido mais amplo do termo. Poucos diálogos
e ritmo pausado. Fotografia (belíssima, por sinal) propositadamente
fora dos cânones. Uma história simples, de um homem, dilacerado e
frágil, que procura aqui e ali a mulher que (se) perdeu. Música a
condizer. E aquelas estradas da América...
Tudo o mais é ilusão de óptica, pura e simples (nesse sentido é
esclarecedor o plano de Gallo, ao volante da sua moto - por sinal, com
o nº 77-, acelerando pela pista de sal).Tudo excepto a cena de sexo
oral, claro, onde Gallo se trasveste em colehinho castanho. E quem dá
o que tem a mais não é obrigado.
A propósito ainda da cena que pretende servir de atracção a uma
plateia mais universal, do que à partida Gallo alcançaria, é
confrangedor ver até que ponto alguma intelectualidade condescende,
quando não abraça, cenas de "hardcore" como poesia militante, enquanto
que as vilipendia quando nos chegam pelos mais dignos profissionais
dos mais ousados canais da tv cabo, por exemplo. Ainda relacionado com
isso, será curioso ver até que ponto a carreira da Sevigny (de longe
uma das maiores actrizes da nova vaga) terá ou não iniciado uma longa
travessia no deserto...
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